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Charlotte Mason Como Ensinar as Disciplinas Matemática

Ensinando Matemática – Assunto por Assunto, Parte 17

Charlotte Mason valorizava um currículo generoso. Embora a ênfase apenas em leitura, escrita e aritmética faça com que a educação seja escassa, estes assuntos têm seu lugar de direito.

Charlotte valorizava o estudo da aritmética principalmente por seu uso no treinamento de hábitos mentais e morais, incluindo precisão, atenção, execução cuidadosa, organização e veracidade. Embora seu uso na vida diária seja importante, foi a “beleza e a verdade” da matemática, aquele despertar de um senso de admiração pelas leis fixas de Deus no universo, que deu a Charlotte o devido lugar da matemática em seu currículo.

Vamos dar uma breve olhada em como a matemática é ensinada em uma educação Charlotte Mason – porque sem o ensino vivo, esse sentimento de maravilhamento pode não ser despertado, nem o treinamento de hábitos ser realizado.

Os Primeiros Anos

O estudo da aritmética se enquadra bem na definição de Charlotte de que “educação é uma atmosfera, uma disciplina e uma vida”. Antes dos seis anos de idade, a educação de uma criança é por meio de seus sentidos, do ambiente natural e de jogos. A preparação direta para a matemática nesses anos é considerada não apenas indesejável, mas prejudicial.

Aritmética elementar

O estudo formal da aritmética começa por volta dos seis anos de idade e é caracterizado por um trabalho minucioso e cuidadoso no qual as crianças fazem descobertas por si mesmas. Seu estudo segue os princípios básicos de Charlotte de lições curtas com atenção plena.

Manipuláveis

Embora o termo “manipuláveis” não existisse no tempo de Charlotte, o uso de objetos concretos como auxiliares para entender conceitos é significativo em seu método de ensino de aritmética.

Alguns pontos importantes a serem lembrados:

  • Todos os manipuláveis de que você precisa podem ser encontrados em sua própria casa: botões, gravetos e feijões, para citar apenas alguns. Uma variedade de objetos simples deve ser usada em vez de um único manipulável especialmente projetado, para que a criança não forme uma conexão rápida entre os fatos matemáticos e o manipulável.
  • Manipuláveis são apenas ferramentas para a apresentação ou investigação de um conceito. Se o uso de um manipulável requer muito ensino, ele se torna mais importante do que o conceito que ele deve representar.
  • As tabelas aritméticas não devem ser memorizadas até que a criança prove os fatos primeiro através do uso de manipuláveis.
  • Dê à criança tempo suficiente para trabalhar com os manipuláveis, mas depois avance para trabalhar com objetos imaginários. Uma vez que a criança possa imaginar mentalmente o número, ou tenha compreendido o abstrato, guarde o manipulável até a introdução de um novo conceito.

“Um saco de feijões, contadores ou botões deve ser usado em todas as primeiras lições de aritmética, e a criança deve ser capaz de trabalhar com eles livremente, e até mesmo adicionar, subtrair, multiplicar e dividir mentalmente, sem a ajuda de botões ou feijões, antes de serem designados a ‘fazer somas’ em sua tabuada” (Vol. 1, p. 256).

Aritmética Mental e Trabalho Oral

Nos métodos de ensino de matemática de Charlotte, o trabalho escrito é usado com parcimônia. A aritmética mental e o trabalho oral ajudam a reforçar os fatos e o vocabulário matemático, além de serem instrumentos para o treinamento de bons hábitos.

“Dê-lhe pequenas somas, em palavras e não em números, e instigue neles o entusiasmo que produz atenção plena e o trabalho rápido. Que a lição de aritmética seja para a criança um exercício diário de pensamento claro e execução rápida e cuidadosa, e seu crescimento mental será tão óbvio quanto o brotar de sementes na primavera” (Vol. 1, p. 261).

Enquanto as crianças avançam em sua compreensão, as perguntas orais devem sempre permanecer dentro de suas capacidades.

“Envolver a criança em pequenos problemas dentro de sua compreensão desde o início, e não em somas pré-estabelecidas” (Vol. 1, p. 254).
“Agora ele está pronto para problemas mais ambiciosos: assim: ‘Um menino tinha duas vezes dez maçãs; quantas pilhas de quatro maças ele poderia fazer? ” (Vol. 1, p. 257).

Alguns pontos a considerar:

  • As perguntas orais que fazemos a nossos filhos devem ser ativas. Por exemplo, “Quantos anos você terá quando sua irmã tiver quatro anos?”, será melhor para fixar a atenção de seu filho do que a mesma questão dada como, “Some 4 + 5”.
  • Exija que seu filho dê respostas totalmente formuladas em frases completas.
  • Junto com o trabalho oral durante toda a aula de matemática, considere seguir o cronograma de cinco minutos de exercício rápido de Charlotte no final da aula, ou dez minutos para crianças mais velhas em um horário diferente do da lição diária.

Ensino Cuidadoso vs. Ensino Descuidado

Charlotte sentiu que o ensino descuidado – que inclui oferecer muletas – fomenta hábitos de descuido nas crianças. Em contraste, aulas cuidadosamente graduadas, juntamente com os métodos de Charlotte já mencionados, fomentam o treinamento de bons hábitos.

“A aritmética é valiosa como um meio de treinar as crianças em hábitos de estrita exatidão, mas o engenho que faz com que esta ciência exata fomente hábitos de desleixo, um desrespeito à verdade e à honestidade, é digno de admiração! Professores ruins, nas aulas de aritmética, permitem ações como cópia, induzir com sugestões, dizer as respostas, ajuda em relação às dificuldades triviais, fazer o exercício já sabendo a resposta etc; tudo isso é suficiente para corromper qualquer criança. Tão ruim quanto isso é o hábito de permitir que um cálculo seja ‘quase certo’, ou com alguns valores errados, e então permitir com que a criança refaça tudo de novo e assim por diante. O cálculo deve ser errado ou certo, não pode ser algo entre os dois”. (Vol. 1, p. 260).
“Portanto, seu progresso deve ser cuidadosamente graduado; mas não há matéria na qual o professor tenha uma consciência mais encantadora de conseguir extrair diariamente potencial da criança. Não lhe ofereça uma muleta; ela tem potencial de ir adiante” (Vol. 1, p. 261).

Livros de Matemática Viva

Charlotte acreditava que a matemática estava fora de suas regras literárias. Ela afirmou:

“…a matemática, como a música, é um discurso em si, um discurso irrefutavelmente lógico, de clareza requintada, atendendo às exigências da mente” (Vol. 6, pp. 333, 334).

Charlotte não empregou a noção moderna de “livros vivos de matemática” para ensinar conceitos matemáticos. Ela defendeu a familiarização das crianças com as ideias principais da matemática, introduzindo os diferentes ramos ou seus grandes pensadores através de uma história interessante ou emocionante.

Matemática avançada

Os métodos que discutimos hoje não são apenas para o ensino da aritmética elementar; eles também se aplicam à aritmética mais avançada: geometria, álgebra, etc. Seja qual for sua escolha – se você se sente à vontade para ensinar os níveis mais elevados de matemática ou se confia mais em livros didáticos, ou um tutor – certifique-se de garantir um tratamento vivo da matemática também para seus filhos mais velhos. Aqui vão algumas dicas:

  • Guie a criança mais velha na descoberta, permitindo que ela pense por si mesma. Seja paciente e avance lentamente. Permita que seu filho mais velho se admire, descubra e deixe que as ideias germinem.
  • Exercícios práticos devem continuar junto com exercícios dedutivos de geometria, e o lado prático da álgebra deve ser introduzido o mais cedo possível.
  • Proporcione uma abordagem lenta e constante, com muita prática.
  • Exclua exemplos longos ou tediosos para cálculo.

Veja aqui o restante da série Assunto por Assunto – Como ensinar cada disciplina no método Charlotte Mason.

Originalmente publicado por simplycharlottemason.com. Traduzido e usado com permissão.

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