Confesso. A primeira vez que li esse princípio do método Charlotte Mason achei bobo. Pensei: “Mais uma obviedade que um intelectual fala como se fosse uma grande coisa. Afinal, se crianças não são pessoas, o que seriam?”
Entretanto, passei a refletir sobre isso e esse princípio começou a tomar raízes em mim e no modo como enxergo as crianças.
Comecei a pensar em todas as situações em que presenciei crianças não sendo tratadas como pessoas.
Quantas vezes vi adultos mentindo diretamente para uma criança? Afinal, qual o problema de mentir para o “bem” dela? Quantas vezes vi crianças sendo rebaixadas, oferecendo-se a elas livros abobalhados, divertimentos prejudiciais e músicas horríveis? Afinal, são crianças, e crianças se divertem com tudo e são incapazes de compreender coisas mais elevadas. Quantas vezes vi crianças sendo manipuladas, ofendidas, humilhadas e desprezadas? Afinal, tudo isso é justificável para que elas aprendam. Quantas vezes vi uma criança sendo impedida de falar? Afinal, crianças só falam bobagens e trivialidades mesmo! Sejamos sinceros, as crianças muitas vezes não são tratadas como pessoas, mas como sub-humanos.
E quantas vezes não vi tudo isso acontecendo em ambientes “educacionais”? Se há algo que eu conheço que é capaz de desconsiderar que uma criança é uma pessoa, esse algo se chama sistema educacional. Na maioria das escolas, o temperamento de uma criança não importa, muito menos sua personalidade, nem mesmo suas ideias – principalmente se forem ideias diferentes da maioria. Tente mostrar sua personalidade e você será punido pelas provas. Tente mostrar suas ideias e será ridicularizado pelos outros alunos. O sistema educacional é massificante, ele te força a se tornar um aluno padrão como todos os outros. Ele te trata como um produto.
Crianças são pessoas. Eis aí um princípio educacional perfeitamente cristão. Cristo é uma pessoa, que se fez carne e habitou entre nós também como um menino. Sempre que estivermos na presença de uma criança, devemos ver Cristo nela, para assim melhor lembrar: crianças são pessoas!