Quando meus filhos eram pequenos, tínhamos uma assim chamada “Caixa de Artesanato”. Dentro desta caixa haviam tubos de papel toalha vazios, bandejas de isopor limpas, tecidos de feltro, caixas de cereal vazias, papel que havia sido impresso em um lado e não era descartável, tampas de garrafa de plástico, imagens de cartões de felicitações, e muita fita adesiva, bastões de cola, tesouras de criança, um furador de papel e canetinhas marcadoras.
Dessa caixa surgiram máquinas imaginárias, obras de arte originais, figurinos de papelão e toda uma civilização para bonecas – incluindo habitações, conteúdo de lojas, roupas e até dinheiro.
Criar algo por si mesmo, a partir das peças que você tem, é uma ferramenta valiosa para a autoeducação. Assim como nas outras cinco ferramentas das quais falamos, a chave é ter uma mente engajada e ativa. Criar algo por conta própria incentiva esse foco em muitos níveis.
Ferramenta nº 6: Crie algo por conta própria
Você pode pensar que conhece o vocabulário, mas o teste é se você consegue juntar as palavras para comunicar corretamente o que deseja dizer. Crie suas próprias frases.
Você pode ter aprendido alguns pontos e técnicas de crochê, mas a prova está no uso dessas peças para fazer um cobertor. Crie seu próprio projeto.
Você pode resolver a questão matemática de outra pessoa, mas saberá que realmente compreendeu os conceitos quando puder criar seu próprio cenário. Crie sua própria questão matemática.
Você pode saber como misturar cores e algumas técnicas de pinceladas, mas usar essas ferramentas para criar sua própria arte demonstra a profundidade de seu conhecimento. Crie sua própria expressão artística.
Você pode ter memorizado algumas palavras e expressões, mas seu domínio em língua estrangeira melhorará à medida que você procurar se comunicar com as pessoas de uma maneira que elas entendam. Crie sua própria lição.
Charlotte Mason incentivou seus alunos a fazerem todas essas coisas. Ela reconheceu a grande quantidade de aprendizado envolvido na criação de algo por conta própria: você avalia o conhecimento que adquiriu, mistura-o com outro conhecimento que já possui, visualiza a nova entidade que deseja criar, faz um brainstorming de quais peças serão necessárias para chegar lá, determina como as peças precisarão se encaixar, projeta as peças como foi imaginado, resolve problemas com quaisquer peças que não funcionem da maneira que você pretendia, procura conhecimento adicional para solucionar as partes difíceis.
Criar algo próprio requer muito mais esforço mental e engajamento do que simplesmente copiar o que outra pessoa fez. Ao passar pelo processo mental, você desenvolve um melhor domínio do assunto com o qual está trabalhando e descobre quais áreas podem precisar de mais domínio.
“Não há educação, apenas autoeducação e somente quando o jovem estudante trabalha com sua própria mente é que algo é realizado” (Vol. 6, p. 289).
Pense em um chef gourmet preparando uma entrada original. Ele tem um domínio firme dos tipos de comida, a interação dos temperos, as técnicas de preparação de alimentos, o conhecimento da química, e pode usar todo esse conhecimento conforme necessário para atingir seu objetivo.
Tal desafio é gratificante pessoalmente, mas também coloca seu conhecimento à prova. Se alguma parte de sua ideia não sair do jeito que ele esperava, ele agora sabe para qual área voltar sua atenção e revisitar ou aprender mais.
Criar algo próprio a partir das peças que você tem é uma ferramenta valiosa para a autoeducação.
Originalmente publicado por simplycharlottemason.com. Traduzido e usado com permissão.