As aulas devem ser agradáveis; devem enriquecer o indivíduo e equipá-lo com as habilidades essenciais para a vida.
Cada criança tem o direito de ser exposta a diversas áreas do conhecimento.
Toda criança normal possui uma inclinação natural por esse tipo de conhecimento.
Esse desejo intrínseco, ou anseio natural, é suficiente para motivar a criança a realizar suas lições, desde que o conhecimento seja apresentado de maneira apropriada.
A vontade de aprender pode ser prejudicada de quatro maneiras:
(1) Excesso de palavras dirigidas à criança, oferecendo conhecimento diluído sem permitir tempo e espaço para a criança refletir e assimilar.
(2) Aulas compiladas, organizadas e ilustradas por diferentes fontes pelo professor, frequentemente apresentando conhecimento tão condensado e bem preparado que a criança não precisa pensar sobre ele e não o assimila.
(3) Livros didáticos que são comprimidos, filtrados e recomprimidos até que percam grande parte das ideias originais da mente de onde surgiram.
(4) Utilização de competição e desejo por conquistas como motivação para as lições, em vez da fome e do amor natural pelo conhecimento, que são tudo o que uma criança precisa para aprender.
As crianças aprendem melhor com coisas reais e tangíveis, assim como com livros vivos.
Coisas tangíveis incluem:
a. Estruturas naturais para atividades físicas, como escalar, nadar, caminhar, etc.
b. Materiais para trabalhar e construir, como madeira, couro ou argila.
c. Objetos naturais em seu habitat, como pássaros, plantas, riachos e pedras.
d. Obras de arte.
e. Instrumentos científicos.
Embora muitos reconheçam a necessidade de elementos tangíveis no aprendizado, como na educação prática, menos pessoas percebem que a educação intelectual deve vir dos livros.
Cada aluno com seis anos ou mais deveria apreciar o estudo de seus próprios livros em cada disciplina, e esses livros devem abranger um currículo amplo. Crianças entre seis e oito anos provavelmente precisarão ter a maioria de seus livros lidos em voz alta para elas.
Essa abordagem tem sido implementada com sucesso nos últimos doze anos em muitas salas de aula domésticas e algumas outras escolas.
Ao adotar abertamente os livros vivos, as dificuldades mecânicas da educação, como leitura, ortografia, composição, etc., desaparecem, e as lições se tornam “agradáveis; capazes de enriquecer o indivíduo e proporcionar as habilidades necessárias para a vida.”
Acreditamos que esses princípios podem ser aplicados em todas as escolas, tanto do ensino fundamental quanto médio, e podem simplificar, tornar mais acessível e disciplinar a educação.
Tradução livre de parte do livro 3 (Educação Escolar) de Charlotte Mason