Você pode descartar a narração e no lugar dela usar esquemas, desenhos, resumos, brincadeiras e outras atividades, certo?
Para outros métodos talvez, mas para Charlotte Mason a narração é primordial e insubstituível. Para Charlotte, a narração é uma arte presente nas crianças à espera de ser cultivada por meio da educação. Você já deve ter visto a cena: uma criança querendo contar um acontecimento, uma ideia ou qualquer coisa, diante de um adulto que não quer escutá-la. Crianças narram naturalmente, mas nós adultos às vezes matamos isso nelas.
Como se dá esse cultivo? Nos currículos do método Charlotte Mason todos ou a maioria dos livros lidos devem ser narrados pelo estudante. O estudante, após a leitura, deve contar a você, com as próprias palavras, o que foi lido.
Mas qual é o ganho disso? Com a narração o estudante desenvolve um processo mental mais completo do que faria apenas respondendo questões de verdadeiro ou falso, múltipla escolha, ou ainda preenchendo espaços em branco. O estudante desenvolve mais a atenção, afinal agora ele precisará ser um bom ouvinte, captando todos os detalhes do que foi lido. Na narração a criança cria uma composição mental da história, organizada em início, meio e fim, e ainda desenvolve a oralidade, ou seja, o bem falar.
Com a narração a criança demonstra que entendeu, afinal, só conseguimos narrar aquilo que realmente sabemos. É um método eficaz também de retenção do conteúdo. A narração não é um repetir mecânico ou um resumo. Ao narrar a criança adiciona ao assunto suas próprias palavras, sua própria personalidade, e forma um verdadeiro relacionamento com o conhecimento.
Os métodos tradicionais de completar espaços em branco em uma frase, responder a questões de verdadeiro e falso e perguntas fechadas são aceitáveis nas escolas, onde se lida com 30 alunos. O problema dessa abordagem é que estamos trabalhando com processos incompletos de pensamento. Para passar nesses tipos de prova você precisa saber apenas pedaços de informações, decorar o que o professor disse ou mesmo ser um bom fazedor de provas. Mas queremos algo diferente para nossos filhos, certo?