Ciência das relações

Por que devemos evitar questionamentos ou perguntas diretas às crianças?

Charlotte Mason defendia que perguntas diretas deveriam ser evitadas porque acreditava que a mente da criança é ativa e capaz de construir suas próprias conexões e relações. Aqui está um desenvolvimento dessa ideia, com os motivos por trás dessa abordagem:

Fundamento Filosófico

  1. A Criança é um Ser Pensante: Mason defendia que “a criança é uma pessoa” com a capacidade inata de pensar e raciocinar. Subestimar isso com perguntas diretas limita sua capacidade de explorar e processar ideias de forma independente.
  2. Educação como Ciência das Relações: A educação, segundo Mason, não é sobre o professor transmitir respostas, mas sobre a criança construir relações com as ideias e o conhecimento. Esse processo é prejudicado se a criança for constantemente questionada com perguntas que já sugerem respostas específicas. Em outras palavras, ao fazermos uma pergunta direta para a criança, já sabemos a resposta, e apenas queremos que ela diga aquilo que já queremos.

Razões para Evitar Perguntas Diretas

  1. Promover a Atenção e a Narrativa: Perguntas diretas muitas vezes desviam o foco do aprendizado genuíno, transformando o aprendizado em um exercício de “descobrir e fornecer ao professor aquilo que ele quer”. A narração, método central na abordagem de Mason, permite que a criança organize e apresente suas próprias ideias após a leitura ou observação, o que fortalece a compreensão e a relação própria do aluno com o conhecimento.
  2. Fomentar o Pensamento Crítico: Quando as respostas são dados e fechadas, as crianças não são incentivadas a refletir ou questionar. Mason acreditava que o verdadeiro aprendizado acontece quando a mente da criança se engaja ativamente com o material.
  3. Preservar o Interesse Natural: Perguntas repetitivas e diretas podem tornar o aprendizado enfadonho. Em vez disso, Mason defendia o uso de livros vivos e conteúdos ricos, que despertam a curiosidade natural da criança sem a intervenção constante do adulto. O educador tem seu papel em expandir, orientar e ampliar o assunto.
  4. Respeitar a Personalidade da Criança: Fazer perguntas que sugerem respostas prontas desrespeita o direito da criança de interpretar e internalizar o que ela aprende de acordo com sua própria perspectiva. Uma coisa é a criança internalizar e absorver o conhecimento, dando seu toque pessoal a ele e criando sua própria relação com ele, outra coisa é a criança apenas dizer aquilo que o professor quer que ela diga.

Benefícios da Abordagem de Mason

  • Desenvolvimento de Autonomia Intelectual: A criança aprende a confiar em sua capacidade de compreender, ao invés de depender da validação externa.
  • Profundidade na Aprendizagem: Ideias tornam-se mais duradouras quando a criança as descobre por conta própria, em vez de apenas recebê-las.
  • Preparação para a Vida Real: Fora do ambiente escolar, não haverá sempre alguém para fazer perguntas ou dar respostas. Aprender a buscar e conectar ideias é uma habilidade vitalícia.

Esse método reconhece que as crianças têm uma mente ativa e criativa, capaz de aprender e crescer com ideias vivas, sem a necessidade de perguntas que reduzam o aprendizado ao simples ato de reproduzir respostas.

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