Já recebemos essa pergunta algumas vezes, então achamos útil criar uma postagem explicando um processo simples para apreciação de arte.
Aqui no currículo Santa Zélia, Mestra, na rotação de arte, utilizamos três artistas por ano, sendo um por trimestre. A cada trimestre imprima seis imagens de obras desses artistas, de preferência em formato grande. Um formato A4 já serve.
Cada imagem deve ficar em exposição em sua casa por duas semanas, após isso troque por outra. Ela deve ficar exposta em um lugar que seu filho sempre possa ver, seja na sala de estar, seja no local onde você preparou para ter as lições.
Nós sugerimos uma lição semanal de apreciação de arte. Então, a cada semana, na lição de apreciação, siga o roteiro abaixo.
Seu filho deve olhar para a imagem por um tempo, observando-a. Peça a ele que grave a imagem na memória ao ponto de, ao fechar os olhos, conseguir visualizá-la novamente na imaginação.
Depois retire ou esconda a imagem e o estudante deve dizer o que havia na imagem. Você pode fazer isso várias vezes até seu filho te dê uma boa descrição da obra. Comece pelo geral e depois vá para os detalhes. Por exemplo: “é uma imagem de duas pessoas que parecem estar rezando”. E depois passe para os detalhes: “eu vi que há um cesto no chão”, “o sol parece estar ali à esquerda”, “lá no fundo parece haver uma cidade ou igreja” etc. Se o estudante estiver com dificuldade, vá mostrando de novo, observando de novo, e escondendo de novo, ou o ajude com alguma pergunta: me diga primeiro, o que você viu nessa imagem? Diga-me: é uma imagem de …? Ou ainda: são duas pessoas, certo? O que você acha que elas devem estar fazendo? Entretanto, só faça esse tipo de pergunta caso o estudante esteja travado, sem conseguir dizer algo.
Aos poucos seu filho dará descrições muito boas como as que Charlotte descreve em seu livro, como a garotinha de sete anos que descreveu assim a obra Angelus de Millet: “A obra trata sobre pessoas no campo, um homem e uma mulher. Aos pés da mulher há uma cesta com algo dentro; atrás dela há um carrinho de mão. Eles estão orando; o homem segura seu chapéu na mão. Podemos dizer que está anoitecendo, porque o carrinho de mão e a cesta estão cheios” (Educação no Lar, Charlotte Mason – Versão Brasileira, traduzida por Arielle Pedrosa)
Depois disso, vocês podem comentar outros detalhes que não são tão óbvios na imagem. Para isso, o educador deve ler algo sobre a imagem antes da lição. Assim é possível introduzir alguma informação sobre o quadro e o artista. Como, por exemplo, que Millet é um pintor realista, famoso por representar trabalhadores no ambiente rural, e que ele se mudara para o campo justamente para pintar cenas rurais e o que mais você conseguir descobrir sobre o artista e a obra. Vocês também podem discutir quais ideias o artista teve em mente ao pintar aquela imagem, e o que aquela obra transmitiu ao seu estudante.
Também é uma boa prática ler, fora das lições, pequenas biografias ilustrados sobre os artistas. Livros pequenos de 20 a 40 páginas. Entender a vida do artista faz muita diferença ao apreciar suas obras de arte.
Como são duas lições por obra de arte (lembre-se: duas semanas para cada quadro e uma lição por semana), recomendamos que na primeira lição você siga o roteiro acima. Na segunda lição você pode fazer esse mesmo roteiro de forma mais breve, pois o estudante se lembrará do quadro. Você pode discutir mais um pouco as ideias do quadro e em seguida fazer um desenho dos contornos principais da obra. Esse desenho pode ser apenas de memória ou olhando diretamente para a obra.
E, então, que tal começar a apreciar obras de arte com seu filho?
