Até agora na nossa série, analisámos as três questões-chave que nos ajudarão a discernir as diferenças entre os métodos de ensino em casa e falamos sobre como o método Charlotte Mason é diferente de um currículo tradicional e de estudos unitários . Hoje vamos ver como Charlotte Mason difere da abordagem clássica.
QUAL MÉTODO CLÁSSICO?
Primeiro, precisamos esclarecer o que queremos dizer com “abordagem clássica” ou “método clássico”. Uma educação baseada em livros clássicos, ricos em linguagem e que sustentam grandes virtudes é às vezes chamada de abordagem clássica. Charlotte Mason endossaria esses elementos e usaria o mesmo tipo de livros.
A diferença está na abordagem clássica que se baseia no trivium (os três estágios do aluno) e que enfatiza a memorização e o detalhamente de fatos. Portanto, neste post vamos nos concentrar nessa abordagem e em como ela difere de Charlotte Mason.
Nota do tradutor: o método clássico que relaciona o trivium a estágios de desenvolvimento do aluno foi criado no século XX pela escritora Dorothy L. Sayers, conhecida por suas histórias de detetive; tal abordagem muitas vezes é criticada e chamada de “neoclássica”.
ALIMENTANDO A MENTE
Provavelmente a maior diferença entre estes dois métodos reside no tipo de “alimento” que cada abordagem alimenta a mente da criança. A abordagem clássica parece enfatizar os fatos como alimentos, com um padrão cuidadosamente organizado de quais ingredientes de informação alimentar a criança e em quais momentos. E certos alimentos factuais são considerados cruciais para ter uma mente corretamente nutrida.
Com o método Charlotte Mason, as ideias (em vez dos fatos) são o alimento para a mente. Numa educação ao estilo de Charlotte Mason, você oferece um banquete de ideias-alimentos nutritivos e convidativos e deixa a criança escolher com o que irá se relacionar – quais ideias irão “bater” com ela e fornecer alimento para sua mente. Cada criança pode levar algo diferente do banquete, mas tudo bem porque é tudo comida saudável e deliciosa.
Lembre-se do lema “A educação é a ciência das relações”. Charlotte não estava tão preocupada com os fatos que uma criança conhecia, mas sim com as relações que ela havia formado – com quais ideias ela sentia afinidade e com as quais se importava.
“Nosso objetivo na Educação é proporcionar uma Vida Plena – Começamos a ver o que queremos. As crianças fazem grandes exigências sobre nós. Devemos a elas o início de um imenso número de interesses. ‘Você colocou meus pés em uma grande sala’, deveria ser o grito de alegria de toda alma inteligente. A vida deveria ser toda viva, e não apenas uma tediosa passagem de tempo; não apenas atos, nem apenas sentimentos, nem pensamentos – a tensão seria muito grande – mas ‘toda viva’; isto é, devemos estar em contato onde quer que vamos, independentemente do que ouvimos, independentemente do que vemos, com algum tipo de interesse vital. Não podemos dar estes interesses às crianças; preferimos que nunca digam que aprenderam botânica, geologia ou astronomia. A questão não é o quanto os jovens sabem quando ele termina sua educação – mas até que ponto ele se importa e com quantas ordens de coisas ele se importa. Na verdade, qual é o tamanho da sala em que ele se encontra? E, portanto, quão plena é a vida que ele tem diante de si?” (Vol. 3, pp. 170, 171).
Charlotte acreditava que apenas as ideias que fixaram residência nos recônditos da mente de uma criança influenciariam sua vida e, assim, educá-la-iam verdadeiramente.
“Embora eles continuem obedientemente lendo qualquer uma das centenas de volumes secos como pó publicados pelos editores sob o título de ‘Livros Escolares’ ou de ‘Educação’, eles mantêm todos esses livros no pátio externo e não permitem que eles tenham contato com as mentes das crianças” (Vol. 3, p. 228).
“No final descobriremos que apenas as ideias que alimentaram sua vida são incorporadas ao ser da criança” (Vol. 2, p. 38).
MAIS DETALHES
Se desejar mais detalhes sobre a diferença entre o método Charlotte Mason e a abordagem clássica, você encontrará uma breve visão geral em nosso site.
Originalmente publicado por simplycharlottemason.com. Traduzido e usado com permissão.
