Encontrei esse livro por acaso no Mercado Livre: “A História de um Bravo”. Achei a capa interessante e descobri que era sobre o Infante Dom Henrique de Portugal. Isso bastou, comprei. Não é todo dia que a gente acha um livro sobre esse assunto por 10, 15 reais.
Antes que o livro chegasse, pensei: “Deve ser um livro de um autor português“. Não conhecia o autor e quando chegou percebi que a editora era brasileira. Achei isso curioso, afinal, que tipo de brasileiro escreveria uma biografia infantil sobre um português? Curioso!
Então fui pesquisar o autor. Descobri que fui roubado, que estou sendo roubado e que você está sendo roubado!
Vicente Guimarães nasceu em Minas Gerais e foi tio do grande escritor Guimarães Rosa, que o chamava de “Andersen Brasileiro”. Cresceram juntos, com idades parecidas. Vicente foi escritor de livros infantis, sob o pseudônimo de “Vovô Felício” e escreveu mais de 40 livros infantis.
Ele faleceu há 40 anos, mas encontrei apenas um título sendo reeditado: “Joãozito: a infância de João Guimarães Rosa” – talvez justamente pelo assunto, que é a biografia do conhecido autor de “Grande Sertão: veredas”. Todos os outros títulos estão fora de catálogo e se encontram apenas em sebos. Dentre suas obras podemos citar: Lenda da Palmeira (sobre a fundação de Belo Horizonte); Rui (sobre Rui Barbosa); O menino do morro (sobre Machado de Assis); Bilac, história de um príncipe (sobre Olavo Bilac); JK, o nono (sobre o presidente JK); O pastorzinho de Pouy (vida de São Vicente); Coleção Vovô Felício (6 volumes); e muitos outros.
Tive uma tristeza ao ler sobre isso e volto a tê-la sempre que descubro um autor brasileiro que está caído no esquecimento. Para compor nosso currículo baseado no método Charlotte Mason, temos pesquisado muito e, esporadicamente, encontramos um autor brasileiro interessante que não é mais reeditado. É triste perceber que nossos autores de literatura infantil estão sendo roubados de nós, sendo esquecidos. Estão sendo roubados dos nossos filhos e das próximas gerações.
O Brasil é um país que se esquece de si mesmo. Se esquece que é a história dos grandes navegadores da Ordem de Cristo. Se esquece que é a história de bravos.